Tratamento com CPAP
A pressão positiva e contínua nas vias respiratórias (CPAP) se converteu na primeira linha de tratamento da apnéia obstrutiva do sono (AOS) e de algumas formas de apnéia central do sono (ACS).
Colin E. Sullivan, professor de medicina da Universidade de Sidney na Austrália, desenvolveu o tratamento com CPAP em 1980; um ano depois publicou seu primeiro artigo sobre a aplicação de tal tratamento e ainda é considerado líder da pesquisa e do desenvolvimento de tratamentos com pressão positiva nas vias respiratórias. O tratamento com CPAP não foi muito aceito até meados da década de 80, quando sua eficácia foi amplamente difundida.
O CPAP funciona proporcionando um "encanamento pneumático" para manter abertas as vias respiratórias superiores. Um gerador de ar administra ar com pressão através de um tubo de ar e uma máscara (geralmente máscara de nariz) que vai desde o nariz até as vias respiratórias superiores. O ar com pressão evita o estreitamento e o colapso dos tecidos moles das vias respiratórias superiores.
Para garantir um tratamento eficaz, as pressões dos geradores de ar devem estar posicionadas a uma altura relativa, para prevenir apnéias e hipopnéias durante todos os estados do sono e posturas para dormir.
Titulação e ajuste da máscara
Diretrizes Clinicas para Titulação Manual de PAP – AASM
Tanto a titulação como o ajuste da máscara afetarão em grande parte a comodidade do paciente. As pressões mais altas provavelmente causarão alterações na respiração, sensações de claustrofobia e irritação nasal. Estes efeitos secundários da CPAP podem ser reduzidos mediante a seleção do equipamento adequado e da umidificação térmica. O tratamento binível ou o tratamento AutoSet podem ser a solução para os pacientes que não têm uma boa tolerância à CPAP.
O ajuste da máscara é um elemento fundamental para o êxito do paciente tratado com pressão positiva na via respiratória, já que afeta o cumprimento, a eficácia do tratamento e os efeitos secundários que poderiam surgir. As exigências com respeito à estabilidade da máscara aumentam à medida que a pressão aumenta. As pressões mais altas causam, freqüentemente, vazamentos de ar e desconforto para o paciente; além disso, é possível que certas máscaras não funcionem tão bem quanto outras. Os arneses para a cabeça devem se ajustar mais em pressões mais altas; conseqüentemente, podem ocorrer dores provocadas pelos pontos de pressão da máscara. As máscaras de nariz e orofaciais Mirage™ da RedMed passaram a ser muito populares entre os médicos e pacientes devido à sua estabilidade e projeto cômodo, que proporciona um perfeito funcionamento sem que seja necessário ajustar o arnês da cabeça, inclusive em pressões mais altas.
Primeira resposta do paciente ao tratamento
Os pacientes com apnéia do sono grave, que começam o tratamento com CPAP experimentam, freqüentemente, alguns dias de alterações no sono, nos quais o sono REM e delta são mais prolongados que o normal.1 Eles só podem notar a diferença na primeira noite do tratamento quando o sono costuma ser intenso. O sono do paciente ficará normal e saudável após seu sono atrasado ter sido recuperado.
Congestão nasal: A maioria dos pacientes experimenta certo grau de congestão nasal autolimitante quando começam o tratamento com CPAP. Apenas 10% dos usuários de CPAP apresentarão congestão após os primeiros seis meses de tratamento. Os síntomas podem ter várias causas:
Os receptores da mucosa são sensíveis à pressão e respondem através da vasodilatação e da produção de muco
obstrução nasal fixa (pólipos ou desvio do septo nasal)
rinite alérgica
A umidificação térmica pode melhorar todas estas afecções ainda que seja, sem dúvida, uma alternativa secundária de tratamento para as obstruções fixas. Embora os umidificadores passivos também possam ajudar, os estudos demonstram que os umidificadores térmicos são muito mais eficazes.1 O tratamento AutoSet™ também pode melhorar a irritação e a congestão nasal pelo fato de reduzir a média de pressões do tratamento; conseqüentemente, são reduzidos os efeitos secundários relacionados com a pressão.
Cumprimento do paciente
Tem sido dada muita importância ao cumprimento do paciente no que diz respeito ao tratamento com CPAP, porém os resultados destes estudos variam consideravelmente. Os estudos realizados na Europa refletem uma porcentagem de cumprimento maior que a encontrada nos estudos realizados nos Estados Unidos. O ótimo cumprimento obtido nos estudos europeus pode refletir o êxito de seus programas de educação e acompanhamento. Algumas pessoas acreditam que exista somente uma forma de melhorar o cumprimento, porém, provavelmente, um enfoque mais variado seja a melhor opção: educação do paciente, grupos de apoio, acompanhamento clínico, umidificação térmica e tratamento AutoSet.
Hipertensão, ICC e acidentes vasculares cerebrais
Os pesquisadores já descobriram que os pacientes que sofrem de hipertensão, ICC e de acidentes vasculares cerebrais apresentam uma porcentagem mais elevada de AOS que o resto da população, com base no que foi compilado das informações para explicar esta relação.
Atualmente, a relação existente entre a AOS e a hipertensão tem sido determinada com segurança. Os estudos realizados recentemente por Lavie et al e Nieto et al indicam uma forte relação entre a AOS e a hipertensão. Ainda mais significativo, foi o estudo realizado por Peppard, que demonstrou a existência de uma relação causal e relacionada com a dose entre a AOS e a hipertensão.4 Nestes três estudos foram detectados fatores de risco que podem confundir.
A hipertensão aumenta o risco de sofrer acidentes vasculares cerebrais e doenças cardíacas, o que explica as elevadas porcentagens de AOS nestas populações. O que está claro é que tanto a CPAP quanto às outras formas de tratamento com pressão positiva na vía respiratória ajudam a tratar a AOS e previnem o desenvolvimento de outras doenças cardiopulmonares.
O tratamento com CPAP também pode acelerar a recuperação de pacientes com AOS que estão se recuperando de episódios relacionados com doenças cardiovasculares.